Relato
de Kotscho
Na noite desta terça-feira, ao pousar em Cumbica
voltando de uma breve viagem à bela, pacata e bem cuidada João Pessoa, na
Paraíba, fiquei na dúvida: terei descido em São Paulo ou em Istambul, na
Turquia?
As imagens
mostradas na TV serão da praça Taksim ou do viaduto do chá em São Paulo?
Pedras, paus e coquetéis molotov; vitrines
quebradas, a população amedrontada correndo de um lado para outro em busca de
abrigo.
Uma pergunta que ninguém soube me responder: de
onde vem tanta violência, quem está por trás destes atos de vandalismo em que
um tal de "Movimento Passe Livre" vai destruindo o que encontra pela
frente, sem que a polícia tenha forças para restabelecer a ordem numa região em
que se concentram hospitais, prédios residenciais e o centro financeiro do
país?
"O fato de o movimento não ter um líder que
assuma responsabilidade dificulta a negociação", reclama o comandante da
operação da PM, tenente-coronel Marcelo Pignatari. De fato, até agora, por trás
de manifestantes com os rostos cobertos e alguns fantasiados de anarquistas só
aparece o nome de Nina Capello, 22 anos, estudante de Direito, uma das organizadoras
do "Movimento Passe Livre", criado em 2005.
Mas ela também não sabe explicar a crescente
violência nas manifestações e admite: "Não temos controle. A manifestação
se transformou numa revolta popular". Nina limitou-se a culpar a
"repressão violenta da polícia", mas o que ela queria? Que os
policiais apanhassem calados sem reagir, pedindo que os baderneiros se
comportassem como pessoas civilizadas? Além do mais, ela também não soube dizer
de onde partiu esta "revolta popular" contra o aumento da tarifa.
Sejam os 5 mil manifestantes declarados pelos organizadores ou a metade,
segundo a PM, é pouca gente diante dos milhões de paulistanos que andam de
ônibus todo dia na cidade.
O que dá para ver pelas imagens é que o figurino e
a estampa dos revoltosos não combina muito com quem anda de ônibus e menos
ainda com quem não pode pagar um aumento de 20 centavos na passagem. O
movimento de Nina Capello quer, na verdade, transporte de graça, mas
alguém _ou seja, nós contribuintes _ tem que pagar a despesa se a Prefeitura
aumentar os subsídios pra os ônibus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário