“A água é o nosso
recurso natural mais precioso. Tê-lo em quantidade e qualidade é condição
determinante para a existência da vida e essencial para o desenvolvimento
socioeconômico das nações.”
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O país passa por uma mudança climática drástica e não diferente em nosso Estado. Ao viajar durante dois meses como integrante da Bacias Hidrográficas, tomei conhecimento da realidade. A nossa região, a qual está inserida na Bacia Hidrográfica Leste, a situação é mais grave pelo índice populacional que ficou a mercê dessa longa crise hídrica que tem interferido tanto no abastecimento das cidades (Itabuna, Uruçuca, Itajuípe, e Ilhéus), assim como na produção de alimentos.
A crise hídrica de Itabuna, Ibicaraí e Itapé, estão amenizadas após a conclusão da Barragem do Rio Colônia. Mas, até quando será suficiente!
O Estado chegou a sugerir a alternativa mais próxima : Lagoa do Itaípe ou como é conhecida “Lagoa Encantada”. Hoje totalmente descartada essa possibilidade diante da fragilidade ambiental.
Para descartar definitivamente a ideia de usar esse recurso, valeria a pena solicitar do Estado um Plano de Bacia, elaborado para aquela região hidrográfica, fazendo um diagnóstico da situação dos recursos hídricos e suas fragilidades, assim como ajudar no planejamento das ações necessárias para a recuperação e conservação dos recursos hídricos na região e no seu entorno. Este é o instrumento que norteará todo projeto de conservação e manutenção da APA.
O Enquadramento da lagoa e dos pequenos rios que abastecem a mesma em classes de uso que consiste na determinação das características mínimas da qualidade da água desses corpos hídricos.
A Outorga de direito de uso, tem com finalidade a concessão de uso do recurso hídrico, seja este de captação de água, exclusivo para o abastecimento de residências no meio rural. Criar mecanismos que controla o uso da água, de forma a garantir a todos os usuários o acesso água de forma sustentável.
Cabe ao Estado por meio dos órgãos competentes implementar a política, arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos hídricos e coordenar a gestão integrada das águas, com vista a planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos recursos hídricos. O ideal seria a formação de uma comissão que envolva: A secretaria de Meio Ambiente, O INEMA, o Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERHI), o Comitês de Bacia Hidrográfica (CBH 's), Agências de Água, e órgãos públicos relacionados aos recursos hídricos.
Lagoa do Itaipe ou como é conhecida “Lagoa Encantada”.
A Lagoa Encantada está totalmente inserida na Bacia Hidrográfica do Leste e Rio Almada, e abriga as principais nascentes e partes dos cursos d’água que mantém o nível das águas da Lagoa Encantada.
A Lagoa é um corpo de água ovoide, irregular, com o eixo maior alinhado na direção E-O. Na sua maior dimensão tem 3,4 km e na direção N-S em torno de 2,5 km. Na época da seca sua profundidade média é em torno de 2 m, variando com as marés, porém, na época da cheias fluviais chega a mais de 2,5 m.
A Lagoa Encantada foi transformada em área de preservação ambiental (APA) em 14 de junho de 1993, através do decreto de número 2.217. Ampliada em de 22 de setembro de 2003 por decreto Estadual No. 8.650 em 13,5 vezes (146.000 ha) abrangendo (Ilhéus, Uruçuca, Itajuípe, Coaraci, Almadina, Ibicaraí e Barro Preto). A qual foi denominada de APA LERA (Area de Proteção Ambiental da Lagoa Encantada e Rio Almada).
Assim, o espaço ocupado pela área da APA abarca uma realidade sócio-espacial singular, com fortes características da realidade regional com base na lavoura cacaueira. Trata-se da maior lagoa natural de água doce da Bahia, cercada por fazendas e mata nativa, situada ao norte de Ilhéus, no distrito de Castelo Novo, antigo aldeamento indígena dos Querén.
Foto Jose Nazal |
A Lagoa Encantada é uma área que está entre duas outras unidades de conservação, o Parque Estadual da Serra do Conduru (9.275 ha) e a Reserva Particular do Patrimônio Natural Salto Apepique (118 ha). Está totalmente inserida na Bacia Hidrográfica do Rio Almada, e abriga as principais nascentes e partes dos cursos d’água que mantém o nível das águas da Lagoa Encantada.
É interligada ao Rio Almada por meio do córrego Itaipe ou Taipe, com 700m de extensão (Foto Jose Nazal). Visando a navegação, construíram um canal de 500 metros à jusante da confluência natural, o qual não é assinalado nos mapas devido a sua pequena escala. Não há influencia da maré por que fica numa posição mais elevada, mas no passado, a lagoa era abastecida, segundo estudos da Oiko por mais de 30 tributários ao norte e os principais são: Caldeiras (caldeirões), Taguaril e Buranhem, Serapilheira, Inhapi , Ponta Grossa e Apipique (Cachoeira com mais de 40 m de altura). O único escape de águas é sua montante que é o córrego Itaipe. A montante é a principio de fácil controle, não exigindo elevados custos de projetos e de pouco impacto o que pode ser comprovado por meio de elaboração de estudos mais minuciosos.
Localiza-se no distrito de Castelo Novo, no município de Ilhéus a 22,5 km da sede do município e 7,5 Km da costa apresenta um espelho d’água com área de 7,2 km2. |
O Rio Almada faz parte da Bacia Hidrográfica do Leste, nasce no município de Almadina, na Serra do Pereira e passam pelos municípios de Coaraci, Lomanto Júnior, Itajuípe, Uruçuca e Ilhéus. Rio Almada tem 94 Km de extensão.
O Comitê das Bacias Hidrográficas do Leste - CBHL, nasce, com área de atuação nas respectivas bacias hidrográficas, nos termos da RESOLUÇÃO CONERH Nº 08, de 14 de fevereiro de 2006, que aprovou sua proposta de instituição.
A Bacia do Almada está inserida na região cacaueira da Bahia, local em que as formações florestais de mata atlântica foram mais conservadas devido ao modelo agrícola utilizado (cabruca). A adoção dele fez com que, ao longo de mais de 200 anos, se conservassem importantes fragmentos de floresta, fauna e solo, além dos recursos hídricos.
Vila de Areias
A Vila de Areias é um único aglomerado humano que existe e é resultado de um processo de formação urbana bem recente. O local foi escolhido em 1980, na ocasião de uma grande enchente no rio Almada, pela Prefeitura de Ilhéus e lideranças locais para o assentamento definitivo dos desabrigados do extinto povoado de Laranjeiras. Foi então desapropriada da Fazenda de Areias uma área de 10 ha (BAHIA, 1999). O povoado de Areias é formado por poucas ruas, aglomerados residenciais, situando-se às margens da Lagoa com uma população estimada em 900 habitantes, 292 casas e possui serviços de eletrificação e água encanada. A população usa a Lagoa para tratar alimentos, lavar animais e muitas vezes para uso das suas necessidades biológicas. Conforme fotos de José Nazal.
Características da Lagoa Encantada
Segundo os estudos (Neylor Alves Calasans Rego), a maior parte da Lagoa Encantada encontra-se no domínio morfoestrutural dos Depósitos Sedimentares, que compreende sedimentos cenozoicos e mesozoicos da unidade Planícies Marinhas e Fluviomarinhas e inclui os cordões litorâneos, praias, mangues, deltas e a bacia sedimentar do rio Almada. Destacando-se por apresentar um relevo mais movimentado, com várias elevações de forma tabular e, localmente, erosão cársica em rochas calcárias, com relevo pontiagudo e uniforme.
Lagoa Encantada – com cerca de 7.850 ha apresenta forma mais compacta, quase as mesmas dimensões nas direções Norte sul e oeste leste. Avizinha-se com o Parque Estadual da Serra do Conduru e margeia parte da Lagoa Encantada. Ela situa-se completamente no município de Ilhéus e é a que apresenta a maior cobertura florestal original entre as áreas selecionadas. As formações florestais originais, em bom estado de conservação, perfazem 46%, sendo a Floresta Ombrófila Densa Submontana o principal tipo de formação florestal, ocupando 39% onde se distribui em quatro fragmentos. A Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas, que apesar de ocupar apenas 7% da Área , aparece como um habitat único na região da APA e nas proximidades da Lagoa Encantada. A vegetação secundária aparece com destaque, cobrindo cerca de 19% da Área. A Capoeira/Capoeirão (seis fragmentos) é encontrada em ambientes de Floresta Ombrófila Densa Submontana, podendo ser resultante de diferentes níveis de perturbação/alteração. O antropismo está mais uma vez vinculado aos usos da terra com Lavoura Permanente (Cacau), Pecuária e Sistema Agrossilvicultura. Essas classes perfazem 34% do total da Área , e a pecuária é a principal atividade em termos de extensão (22%).
Características geoambientais da Lagoa Encantada]
Está totalmente inserida na Bacia Hidrográfica do Rio Almada, e muitos dos seus cursos d’água estão distribuídos nos sentido Norte-Sul, obedecendo às falhas e fraturas geológicas que ocorrem na mesma direção. A área abriga as principais nascentes e partes dos cursos d’água que mantém o nível das águas da Lagoa Encantada. De acordo com a classificação de Strahler, observa-se que os cursos d’água exibem ordens de 1 a 3, com predomínio daqueles de primeira ordem. Entretanto, são os rios de segunda e terceira ordens quem garantem um volume de água maior para manutenção da Lagoa Encantada. Alteração no uso da terra com desmatamentos indiscriminados das nascentes e matas ciliares e utilização das terras desconsiderando sua capacidade de uso, tem favorecido a diminuição dos volumes de águas dos rios e o assoreamento dos canais fluviais, comprometendo a qualidade e quantidade de água disponível em toda região. De acordo com Barbosa et al. (1996), Silva (2010) e Gomes et al. (2010), as unidades geológicas encontradas na Lagoa são depósitos marinhos e continentais costeiros (QH1/TQd); Grupo Barreiras (Tb); Formação Urucutuca (Kur); d) Formação Rio de Contas (Krc); Complexo Ibicaraí (Apa); Suíte Intrusiva (PSad e PSaa); Complexo Almadina (APs). Nesse sistema está localizada a Lagoa Encantada onde se observa a ocorrência dos mais variados tipos de sedimentos. Na zona próxima à Lagoa Encantada percebe-se, também, a existência de meandros de rios abandonados compostos de areias, argilas, siltes e cascalhos. O relevo encontrado na Lagoa Encantada é menos movimentado que das duas primeiras áreas. As classes de altitude variam de 0 a 350 metros. Identificaram-se, nesta área, três unidades geomorfológicas: Regiões da acumulação; Mares de morro; e Serra, alvéolos e depressões intramontanas. Foram identificados quatro tipos de solos e suas associações: NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Órtico típico; CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico; LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico típico; e o LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO
* Por Ed Ferreira
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