Imagem: Nicolas Raymond/Freepik |
Para frei Leonardo Boff, esses grupos falam da agressão causada pelas atividades dos bancos, do sistema capitalista, dos supermercados, mas a violência praticada por eles contra as pessoas é perversa e é crime. “A gente tem que qualificar como crime. Tem que tratar como crime e a democracia tem que usar a sua capacidade de defender-se contra aqueles que querem violá-la.
O jornalista e o cinegrafista são fundamentais para fazer circular a notícia e são meios sagrados e por isso têm que ser protegidos. Todos nós nos indignamos e lutamos contra esta violência, apoiamos as famílias e cobramos do Estado mecanismos de segurança para que eles possam fazer o trabalho de forma profissional, consciente e segura”, defendeu.
Leonardo Boff disse que é preciso criar mecanismos que impeçam que essas pessoas irrompam protestos pacíficos, tirem a legitimidade deles e amedrontem o povo que começa a temer todas as manifestações, até as mais legítimas e bem conduzidas. Para o frei, a intenção desses grupos ao atacar profissionais de comunicação, que estão no desempenho das funções durante uma cobertura, é impedir que os crimes praticados por eles sejam registrados. “O que eles visam é que não seja documentado o ato criminoso deles e, por isso, atacam o cinegrafista. Não é a pessoa que é atingida. É atingido o efeito que esta pessoa faz para a sua informação correta e o acaba denunciando como criminoso de rua. Então eles precisam queimar a prova e agridem os jornalistas”, avaliou.
O frei Leonardo Boff participou com a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, de uma reunião da Comissão da Verdade do Rio (CEV-Rio), no centro do Rio. Os dois destacaram que a mensagem de Arlita Andrade, mulher do cinegrafista Santiago Ilídio Andrade, sobre a morte do marido, defendeu a família e não falou em vingança. “O que a esposa dele falou foi uma encíclica para a sociedade brasileira. Porque ela falou de amor e respeito, nenhuma palavra de ódio e falou da importância da família, porque na família se semeia os valores básicos do respeito. Ela falou com a serenidade que deve ter tocado o coração dos brasileiros, mas deve ter tocado a consciência daqueles que ainda estão vivos e praticaram aquelas ações abomináveis”, disse Leonardo Boff.
No encontro, a ministra propôs a criação de uma comissão com integrantes dos três níveis de governo para a desapropriação da Casa da Morte, em Petrópolis, na região Serrana, e a transformação do imóvel em Centro de Memória. No local funcionou, nos anos 1970, um núcleo clandestino de torturas. O processo de desapropriação começou em 2012 pela prefeitura do município.
Reportagem de Cristina Indio do Brasil , da Agência Brasil, e adaptada por photossintese.blog.br 12/02/2014.
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