terça-feira, 4 de junho de 2013

Dólar em alta leva operadoras de turismo a adotar câmbio com valor menor

Objetivo é segurar os clientes dos pacotes



Apesar do aumento da moeda dos EUA,  a empresária Mária de Fátima mantém a viagem que planeja fazer com a filha para a Argentina (Beto Magalhães/EM/D.A Pres
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Apesar do aumento da moeda dos EUA, a empresária Mária de Fátima mantém a viagem que planeja fazer com a filha para a Argentina

 As operadoras de turismo reagiram rápido à alta do dólar nos últimos dias. Para evitar perder os clientes das viagens internacionais, elas criaram câmbio menor ou mantiveram a taxa cobrada no passado. O resultado é uma verdadeira dança de valores no preço final do pacote de viagem. No mercado de Belo Horizonte, as taxas cobradas pelo dólar turismo nas agências ontem variou 12%, de acordo com a operadora, indo de R$ 1,99 a R$ 2,25. O turista parece não ter assustado com a alta recente da moeda norte-americana, pois as agências não registraram cancelamento de viagens ao exterior.

A Snow Operadora congelou ontem o dólar a valores a partir de R$ 1,99 para os pacotes a Santiago do Chile em julho. Com a promoção, o preço do pacote de sete noites sai a partir de US$ 1,16 mil (cerca de R$ 2,3 mil). É menos da metade do valor cobrado para o mesmo período no Beach Park, em Fortaleza (CE), onde o pacote com meia pensão sai por R$ 5,36 mil. “A promoção foi para incentivar as pessoas a fecharem o pacote e não frear o desejo de viajar para fora”, afirma André Vieira, diretor da Snow Operadora. Com a taxa de câmbio menor, as vendas na empresa cresceram 50% ontem, comemora Vieira.
A CVC manteve o câmbio promocional de R$ 2,18 para o dólar (contra a taxa de mercado de R$ 2,25) e de R$ 2,84 para o euro, contra R$ 2,93 do mercado. Segundo a operadora, as pequenas variações no câmbio não chegam a interferir nas vendas de pacote ao exterior, visto que os consumidores planejam a viagem com antecedência e preferem absorver essas diferenças nos parcelamentos em até 10 vezes sem juros. 

“A alta do dólar faz o passageiro ficar um pouco indeciso na hora de comprar o pacote internacional, mas com o incentivo do operador, acaba fechando”, afirma Antônio da Matta, presidente regional da Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav). A demanda pelos destinos internacionais, diz, continua alta, pois o preço do pacote nacional em julho é elevado. “Aí a pessoa prefere o Caribe, Europa, Estados Unidos ou Argentina, que agora têm voos diretos de Confins”, observa Matta. 

A empresária Maria de Fátima Costa planeja ir com a filha para a Argentina neste ano. A passagem ainda não foi paga, mas apesar da alta da moeda  dos EUA ela vai viajar. “Tenho acompanhado o aumento do dólar. Foi bem pequeno, ainda compensa mais ir para fora do que para destinos no Brasil. Eu olhei alguns pacotes para o Nordeste, mas não vale a pena”, diz. 

Depois de viajar para Turquia e Inglaterra, a aposentada Maria Imaculada está apreensiva com a fatura do cartão de crédito (ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS)
Depois de viajar para Turquia e Inglaterra, a aposentada Maria Imaculada está apreensiva com a fatura do cartão de crédito
A aposentada Maria Imaculada Barbosa acabou de chegar da Turquia e Inglaterra, onde passou 17 dias. Ela está apreensiva com a surpresa que vai ter nos próximos dias: a fatura do cartão de crédito. “A minha sorte é que levei dinheiro vivo e acabei comprando pouco no cartão”, diz. Este ano ela ainda pretende fazer outra viagem internacional, para Bogotá, na Colômbia. “Por causa da alta do dólar eu posso restringir um pouco as compras, mas não vou cortar a viagem, que nos traz uma riqueza cultural que não tem preço”, afirma. 

Vantagem 

O diretor da Acta Turismo, José Carlos Vieira, afirma que mesmo se houvesse alta de 30% no valor do dólar os preços dos pacotes internacionais ainda ficariam mais baixos do que os nacionais. “O destino no Brasil ainda está muito caro. A alta pequena de 5% no câmbio não é suficiente para as pessoas mudarem o destino”, diz. A flexibilidade de poder parcelar o pacote de viagem em até 10 ou 12 vezes leva o consumidor a não sentir o impacto imediato da alta do dólar, afirma Lenini Lamounier, diretor comercial da Master Turismo. “Apesar da alta do dólar, o real continua a ser uma moeda valorizada. Se o turista for escolher entre ir para um resort no Caribe ou no Brasil, pode ficar mais caro aqui”, diz Lamounier.

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