A primeira reportagem da série 'BR-367: Um sonho de JK'.
Estrada liga o Vale do Jequitinhonha ao litoral da Bahia.
Juscelino Kubitschek nasceu em Diamantina em 1902 (Foto: Marina Pereira/G1) |
Abrir estradas sempre fez parte das metas de Juscelino Kubitschek enquanto político. O menino, que cresceu em Diamantina(MG) e se tornou um grande homem público, nunca se esqueceu de sua cidade natal em seus planos de desenvolvimento.
Construir uma rodovia que ligasse Diamantina à divisa com a Bahia não era um desejo apenas do empreendedor e visionário JK, os mineiros também sonhavam com uma estrada, que em breve seria o caminho mais próximo para o mar.
Jornal O Nordeste noticia andamento das obras (Foto: Marina Pereira/G1) |
Na cidade que respira história, livros, documentos e jornais da década de 1950 relatam como foi a construção da BR-367, quando JK ocupava o cargo de governador.
As lembranças do progresso que Juscelino buscava para a região ficam evidentes no livro “Palestras”, que reúne os discursos feitos por ele dirigidos ao povo mineiro e transmitidos pela Rádio Inconfidência, de Belo Horizonte.
Em várias páginas, o político faz referência à abertura da estrada. “Pela nova rodovia desbravadora, no bojo dos caminhões e viaturas, que transportarão o fruto do trabalho de nossa gente, vão também o livro, remédio, bem-estar e a cultura”, disse Juscelino Kubtisckek em 1950.
Geraldo Ribeiro acompanhou a trajetória política de Juscelino Kubistchek em Diamantina (MG) (Foto: Marina Pereira/G1) |
O anúncio da construção da BR, que alavancaria o desenvolvimento da região, foi feito na praça que recebe hoje o nome do ex-presidente.
O morador Geraldo Ribeiro lembra bem dessa época. “A praça estava cheia de gente quando Juscelino garantiu que faria as obras, para a felicidade do povo, já que toda a região sonhava em ver essa estrada concluída”, relata.
Na rua hoje conhecida como Travessa Salto da Divisa, as primeiras máquinas chegaram. “Os trabalhos foram intensos, eram vários homens, maquinários e dinamites, utilizadas para explodir as pedras”, relembra Ribeiro.
Atualmente, a BR-367 termina no litoral baiano. Santa Cruz Cabrália é a última cidade do estado cortada pela rodovia, que possui 762,5 km. Nos relatos históricos não é possível identificar se o trecho da Bahia foi construído durante o governo de Juscelino.
Sidrach Carvalho Neto guarda a carta escrita pelo avô que foi prefeito de Santa Cruz Cabrália (BA) (Foto: Marina Pereira/G1) |
No arquivo histórico de Cabrália (BA) há uma carta escrita pelo então prefeito da cidade, Sidrach Carvalho, endereçada a Juscelino. O documento de 1957 pedia que a rodovia fosse até a Bahia.
Em um dos trechos, o prefeito dizia: “a abertura dessa estrada trará maior progresso para toda a região do norte e oeste mineiro, além do sul e oeste baiano”. A resposta da carta não foi localizada.
O menino que deixou saudade
Grupo de Seresta Arte Miúda relembra, através da música, a história de JK (Foto: Marina Pereira/G1) |
"Hoje acordei com saudades daquele menino que ao nascer em Diamantina chamou Juscelino. Homem de pulso tão firme e de fala tão mansa. Um presidente candango de um povo esperança”, a letra e a música do compositor Moacir Franco ganham vida nas vozes do grupo Arte Miúda em Diamantina. Assim, as antigas e novas gerações demonstram o carinho e a saudade do mineiro que superou limitações e tornou-se presidente do Brasil.
Rua São Francisco, nº 241. Este é o endereço é da casa onde Juscelino morou com a família na infância, em Diamantina. No local, a reportagem do G1 encontrou, além de fotos antigas e objetos pessoais que pertenceram a JK, um grande amigo do ex-presidente Serafim Jardim, que é responsável pela conservação da casa.
Serafim Jardim observa memória do ex-presidente (Foto: Marina Pereira/G1) |
“Minha relação com ele começou através do meu pai, eles sempre foram muito amigos. Eu estive ao lado dele nos momentos mais difíceis e hoje, mesmo não estando mais presente entre nós, continuo tendo a mesma consideração e amizade”, enfatiza Serafim.
No escritório, Serafim guarda um quadro que contém a réplica da capa do livro "Por que Construí Brasilia?", com a dedicatória feita por Juscelino a ele. No texto de poucas linhas, JK demonstra a consideração que tinha com amigo, das horas boas e ruins. “Esse presente é muito especial para mim, poucas pessoas receberam essa dedicatória”, diz Jardim.
Pelas ruas de Diamantina, as lembranças do Juscelino político, do homem amigo e extrovertido ainda emocionam e continuam fazendo parte da história de vida de muitas pessoas.
Casal hospedava JK quando ele visitava Diamantina (Foto: Marina Pereira/G1) |
“É difícil não se emocionar. Para mim, Juscelino, além de um político de visão, era um homem de uma simplicidade incontestável, sabia conversar e tratar bem todas as pessoas”, diz Leandro Costa.
Era na casa dele, na área central da cidade, que Juscelino se hospedava quando ia a Diamantina para passear. A esposa de Leandro, Ligia Dayrel, diz que a visita do político não causava nenhuma preocupação.
“Era fácil recebê-lo, porque Juscelino era uma pessoa muito simples, gostava da comida mineira, e um frango com quiabo sempre o agradava. A notícia da morte dele doeu demais e dói até hoje”, enfatiza.
Fonte o Globo
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