Um dia antes de o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, chegar a São Petersburgo para a reunião de cúpula do G-20, o líder russo, Vladimir Putin, elevou o tom no confronto entre os dois países em torno da Síria. Em entrevista à agência Associated Press, Putin acusou os americanos de mentirem em relação ao que se passa no Oriente Médio.
O presidente russo afirmou que o secretário de Estado americano, John Kerry, ocultou a verdade em seu depoimento no Congresso dos EUA anteontem quando se referiu à presença da Al Qaeda na Síria. "A principal unidade de combate é a chamada [Jebhat al] Nusra, que é uma unidade da Al Qaeda", disse Putin. "E eles sabem disso (...) Ele [Kerry] está falando uma mentira descarada, e ele sabe que está mentindo. É triste", afirmou Putin.
Putin disse ainda que a Rússia "não exclui" dar apoio a uma resolução no Conselho de Segurança das Nações Unidas que permite a realização de ataques militares contra a Síria se for comprovado que o regime de Bashar al-Assad usou armas químicas contra a população. No entanto, ele condicionou esse apoio à apresentação de provas, o que os EUA não teriam feito até agora. "Se tivermos provas objetivas e precisas acerca de quem fez esse crime, então haverá uma reação", disse.
O presidente russo atacou a disposição de os EUA agirem sem o respaldo da ONU. "Eles estão sancionando a agressão, porque qualquer coisa fora do arcabouço do Conselho de Segurança da ONU é agressão, exceto autodefesa, o que o Congresso e o Senado estão fazendo agora é essencialmente legitimar a agressão", disse Putin. "Isso é inaceitável."
Em Estocolmo, Obama, falando a respeito das conversas com os russos, disse que "nós meio que batemos num muro em termos de progresso adicional" em questões críticas. Quando perguntado sobre a "linha vermelha" que riscou para Assad há um ano, Obama afirmou: "Eu não tracei uma linha vermelha, foi o mundo que traçou uma linha vermelha", referindo à convenção que proíbe o uso de armas químicas. "Não é a minha credibilidade que está em jogo, é a credibilidade da comunidade internacional", acrescentou.
Em Washington, a Comissão de Relações Exteriores do Senado votou a favor uma autorização para Obama conduzir uma operação limitada contra a Síria. Em novo depoimento, na Câmara dos Deputados, Kerry voltou a dizer que o material colhido na Síria prova "acima de qualquer dúvida" a responsabilidade das forças de Assad.
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Informações de Valor Econômico
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