segunda-feira, 31 de outubro de 2016

"A Desordem Mundial", novo livro de Moniz Bandeira (I)




Moniz Bandeira
Cientista político
Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira, mais conhecido como Moniz Bandeira, é um professor universitário, cientista político e historiador brasileiro, especialista em política exterior do Brasil e suas
Nascimento: 30 de dezembro de 1935 (80 anos), Salvador, Bahia.

Estamos cansados das interpretações dos acólitos do sistema imperante que não se renovam e repetem sempre a mesma versão dos acontecimentos nacionais. Ouçamos uma voz das mais autorizadas, do historiador e cientista político baiano Luiz Alberto Moniz Bandeira que nos mostra outro tipo de leitura da política brasileira e de seu entroncamento com a política mundial, especialmente, com a norte-americana. Faz denúncias graves que merecem ser ouvidas. "Neste meu blog publiquei uma apresentação de seu mais recente livro: A desordem mundial (Ed. Civilização Brasileira 2016), um amplo estudo do caótico cenário internacional".
Leonardo Boff.
 Aos 80 anos, ele também tem sido homenageado pela sua vasta obra e história de vida de intelectual engajado. Em junho, foi homenageado pela União Brasileira de Escritores. No dia 4 novembro, a homenagem é na USP. Da Alemanha, onde vive, ele concedeu esta entrevista a Chico Castro Jr para o jornal A Tarde da Bahia no dia 29/10/2016. Vamos aqui reproduzi-la pois trará interpretações novas e instigantes que seguramente enriquecerão a quem nos segue. Leonardo Boff também reproduzido pelo meu blog www.photos-sintese.blog.br .

Qual sua relação com a Bahia hoje? O senhor tem memória afetiva daqui? Sente falta?

Apesar de viver tantos anos longe, nunca deixei de amar a Bahia, onde nasci e me criei, até 18/19 anos de idade, quando passei para o Rio de Janeiro e São Paulo e então me tornei citizen of the world. Porém meus vínculos com a Bahia nunca se desvaneceram. São e continuam profundos. Sou descendente de Garcia d’Ávila, da Casa da Torre, e de Diogo Moniz Barreto, que chegou à Bahia com Tomé de Sousa e foi primeiro alcaide-mor de Salvador. Aí estão minhas raízes, que se alastraram pelo Recôncavo e adjacências. Tenho muitas saudades da Bahia, a Bahia histórica, a Bahia que sempre cultivou a cultura e deu ao Brasil grandes escritores, poetas, romancistas, e homens de ciência. Na Bahia, recebi uma educação humanística, desde o Colégio da Bahia, até o primeiro ano, na Faculdade de Direito, no Portão da Piedade, o que me valeu para toda a minha vida e carreira acadêmica, como cientista político e historiador. Nas duas instituições de ensino tive excelentes professores, dos quais guardo as melhores recordações. E sinto muito orgulho por haver recebido da Faculdade de Filosofia e Ciências Humana da UFBA, importante universidade de meu Estado natal, ora sob a gestão do eminente reitor, Prof. Dr. João Carlos Salles, o título de Dr. honoris causa. Sim, sinto falta de tudo, que tive, na minha infância e adolescência, da comida, das moquecas, mas, até hoje, conquanto a viver na Alemanha há mais de 20 anos, não dispenso a pimenta e a farinha.


“A Desordem Mundial é baseada em formidável documentação, pesquisas de arquivos, trabalho de formiga de um autêntico cientista social”.  “A Desordem Mundial é baseada em formidável documentação, pesquisas de arquivos, trabalho de formiga de um autêntico cientista social”.  
Aqui, os povos também haviam iniciado, em 1999, como os do Oriente Médio, um processo de emancipação e conquistas sociais, a partir dos governos populares de Lula, Chávez, o casal Kirchner, Evo Morales, Rafael Correa e Daniel Ortega.

No afã de destruir tudo e muito rápido, largando no caminho milhões de mortos e mutilados, este operativo de grandes proporções, acabou, igualmente, produzindo uma situação caótica generalizada, de que é exemplo mais significativo o Estado Islâmico (ISIS), hoje incontrolável pelas próprias potências ocidentais, que o conceberam, mas que insiste em cevá-los com armas, estratégia e dinheiro a rodo.

Daí “A Desordem Mundial”, título, muito a propósito, do novo livro do politólogo brasileiro Luiz Alberto Moniz Bandeira, que se projetou como um dos mais argutos analistas internacionais, desde que lançou, em 1973, “Presença dos Estados Unidos no Brasil”, obra seguida de outras 20 obras sobre golpes de Estado na América Latina e outras atrocidades institucionais no resto do mundo.

Ativista, inclusive, nas redes sociais, Moniz Bandeira alia sua erudição e poderosa pesquisa acadêmica, de que muito lhe serviu a militância política, com várias prisões e exílio depois do golpe militar de 1964, para alertar o mundo, desde sua residência na Alemanha, onde vive há vinte anos. Ou, como diz o professor Michael Löwy, do Centro Nacional de Pesquisas Científicas, de Paris, Moniz “nos dá preciosas armas intelectuais para entender e enfrentar e enfrentar esse poderoso adversário”.

Löwy, que assina a orelha de “A Desordem Mundial”, editada pela Civilização Brasileira, e que, em julho, promete estar nas livrarias, considera o livro “um excelente diagnóstico da lógica destrutiva e do desejo total de dominação dos Estados Unidos”.

Lembra o cientista social parisiense, velho companheiro acadêmico do autor, que “A Desordem Mundial”, acompanhada dos subtítulos “O espectro da total dominação – guerras por procuração, terror, caos, catástrofes humanitárias”, é “baseada em formidável documentação, pesquisas de arquivos, trabalho de formiga de um autêntico cientista social”.

“É, ao mesmo tempo, literatura de combate contra um adversário tenaz e poderoso”, conclui Michael Löwy. Enfim, um livro que promete explicar muito do que está por trás do golpe contra a Dilma e as arremetidas contra a Argentina, Venezuela, Bolívia, Equador e Nicarágua, nossos vizinhos e parceiros indispensáveis no processo de emancipação política e econômica, que mal havíamos começado.
 


Principais Obras


Formação do império american...
2005


De Martí a Fidel: a Revoluçã...
1998


Brasil, Argentina e Estados...
2003


Brasil‑Estados Unidos: a rivalidade...
1989


As relações perigosas...
2004

A desordem mundial: o espectro da total dominação por Luiz Alberto Moniz Bandeira / Civilização Brasileira / 644 páginas / R$ 84,90



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