segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Paisagismo o Desafio dos Futuros Governantes

 


PAISAGISMO SUSTENTÁVEL: Uma alternativa compatível com a realidade regional.




Em qualquer parte da terra ,
um homem estará plantando,
recriando a vida,
recomeçando o mundo.
Cora Coralina


A cidade de Ilhéus se encontra em plena expansão urbana, em consequência dos novos projetos estruturantes que apontam o futuro do município como um dos núcleos de expansão urbana e comercial.

É uma região, até a pouco tempo, eminentemente agrícola, e, abriga áreas do Estado da Bahia de remanescentes da Mata Atlântica e seus biomas associados. Entre eles o bioma praiano de restinga e manguezal.

A proposta de desenvolvimento sustentável procura atender às necessidades da população em todas as áreas, melhorando sua qualidade de vida através da geração e retenção de riquezas e potencialização de todos os recursos existentes.

O desenvolvimento  sustentável tem sido uma estratégia postulada como requisito para dinamizar e articular diferentes processos locais de forma permanente e adequada à realidade.

Essa sugestão se propõe uma consultoria na contribuição do paisagismo, baseado no equacionamento do espaço praiano e urbano, como elemento importante na solução de problemas sociais, econômicos e ambientais na expansão urbana na zona Sul de Ilhéus. Para tanto, procura-se descrever a atual situação em que se encontra o espaço objeto  inserido em um ambiente que sempre teve como foco o turismo predador, o uso de plantas exóticas no paisagismo, o descarte de material de construção.

Com o advento da filosofia sustentável, aplicado a todos os ramos profissionais, as empresas do ramo de construção civil precisam se reformular e adequar os seus projetos para a paisagem local, mantendo as características geográficas em sintonia com o meio ambiente. As construtoras não fazem estudos das plantas que devem compor a paisagem e compram qualquer espécie sem a avaliação de um profissional da área.
 
Na oportunidade, as empresas, exigida pelos poderes públicos, a exemplo da Secretaria de Meio Ambiente, INEMA, Ministério Público Ambiental, apontarão novos caminhos para uma mudança de atitude em relação ao meio onde estão ocorrendo as intervenções, saindo na vanguarda da filosofia sustentável, em relação ao tradicional modelo que utiliza protótipos de projetos paisagísticos fora do contexto local e regional.

Empresas do Ramos de Construção Civil e Incorporadoras 

A partir do momento em que uma empresa resolva construir um condomínio, um bairro planejado e etc., deveriam apresentar também um projeto paisagístico topográfico e um mapa das plantas que pretendem introduzir. Vivemos em um ambiente rico em plantas do Bioma Mata Atlântica, restingas e mangues, nada mais justo do que povoar o ambiente com plantas nativas, frutíferas, advindas do ambiente que os cercam. 
 
O objetivo de adequação dos projetos de expansão urbana está baseado nas ações da nova Proposta Nacional de Produção Sustentável (PNPS):

O paisagismo brasileiro está passando por uma grande transformação e se tornando em uma nova ferramenta na adequação e sintonia com o meio onde houver intervenções humanas seja de uma pequena obra como uma simples casa até as grandes obras que venham requerer EIA/RIMA. Todas acompanham as novas exigências que surgem a partir das experiências e da aplicação das leis, a exemplo da filosofia sustentável.

O elemento chave desse projeto é fazer mudanças positivas na paisagem sem alterar os elementos físicos locais.

A oportunidade dos novos governantes oferecer e se preocupar com a qualidade ambiental, principalmente em cidades  praianas, vai além do interesse de oferecer para seus futuros moradores um ambiente bonito e saudável, mas acima de tudo em sintonia com o meio. A praia é um bem público de acesso a todos, no entanto, a falta de fiscalização por parte dos poderes públicos, a falta de comprometimento do povo que usa a praia como lazer, tornando um ambiente sujo e depredado.

Pensando desta forma, o setor de planejamento da cidade em parceria com as demais instituições deveriam propor  a cuidar e ordenar este ambiente para que todos possam usufruir e conserva-lo para as futuras gerações.

Para que seja de forma ecologicamente correta, devem ser envolvidas espécies de plantas nativas oriundas da restinga local e regional, ou complementar com as espécies já adaptadas ao meio, desde quando as mesmas passem por uma avalição se pode ou não compor a paisagem a exemplo de plantas de sistema radicular que quebre calçadas, suas folhas e frutos entupam as redes fluviais,  que seus galhos não sejam frágeis provocando acidentes, que não exijam podas constantes, que não danifiquem as redes elétricas, que não tenha espinhos que ameacem os habitantes, que não seja de frutos e ou latex venenosos, que o tamanho dos frutos não seja ameaça para provocar acidentes. Tudo isso hoje fica mais fácil de se adequar quando há um trabalho bem direcionado. 

Recomendação

A Zona Sul de Ilhéus o elemento  CHAVE mais importante é  recomposição e manutenção da vegetação de restinga e manutenção dos manguezais, principalmente nas Bacias dos Rios Cururupe, Santana, Cachoeira e Itacanoeira,  com o mínimo de interferência, onde os extratos vegetais serão replantados onde houver estragos; limpeza e manutenção de objetos estranhos à paisagem; facilitadores orientadores a exemplo de lixeiras; fiscalização e manutenção da área, viveiros de replantio e povoamento de espécies locais.
É nesse contexto que o executivo define um trabalho técnico de consultoria, estudos e orientação técnica no paisagismo local.

 Paisagismo Sustentável.

A contratação de uma assistência técnica em paisagismo deve ser um custo das empresas envolvidas com a construção civil. Se preocupar em ordenar a beleza do paisagismo sem uma maior preocupação da origem das plantas ornamentais, longe de querer desvalorizar a beleza das plantas exóticas, mas o que está em jogo é a concepção de uma obra sustentável, valorizando a paisagem local e evitando o mínimo de impacto possível. No Brasil, 80% da vegetação utilizada no paisagismo e arborização urbana é de origem estrangeira ou denominada exótica, quando em verdade deveria ser percentualmente ao contrário.

A proposta de paisagismo passa obrigatoriamente pela concepção de sustentabilidade, ou seja, precisam receber um paisagismo com vegetação nativa e ou regional para poderem minimizar os impactos causados pela construção e reequilibrar o meio ambiente urbano. O que nos leva a refletir na hora de planejar, explorar e escolher a vegetação apropriada e a composição paisagística sem alterar o meio, principalmente quando se tratam de praias, restingas e mangues. Os projetos devem priorizar a vegetação nativa e usar a exótica como complemento de composição. Na zona costeira, não podemos falar em mar e praia sem tratar dos ambientes que estão intimamente ligados a eles, por extensão trata-se também das dunas e restingas, pois um dano que ocorra num desses três ambientes afetará também aos demais. 
As praias de Ilhéus são muito procuradas e muito frequentadas por turistas de várias partes do Brasil e do mundo, principalmente por turistas das cidades circunvizinhas que exploram os longos dos 84 km de praias. No entanto, apesar do município possuir “Plano Diretor” e um “Projeto Orla”, não é cobrados e fiscalizados como deveria.
O espaço é público e todos tem acesso, assim reza a Carta Magna Brasileira. No entanto, como não há uma fiscalização por parte do município, e os mesmos não tem uma consciência ecológica alicerçada, acabam deixando rastros de lixo para trás.

Toda recreação à beira-mar faz com que a degradação desse ambiente costeiro se dê de forma bem acentuada, afinal, a maioria dos municípios da zona costeira é desprovida de sistemas adequados para coleta e disposição final dos efluentes líquidos produzidos pelas pessoas que ali se encontram e ou visitam. 

O cordão litorâneo I envolve a vegetação rasteira ou reptantes, fica entre o final das marés e a vegetação de maior porte. É uma faixa de aproximadamente 3 a 5 metros que em determinada parte do ano é banhado pelas águas do mar no período de grandes marés, conhecido como linha da praia. Nele há uma forte presença de plantas adaptadas à água salgada e arreia, a exemplo da ipomeia. Nos lugares de formação de dunas as faixas são maiores.

O cordão Litorâneo II, inicia a forte presença da restinga, bioma ligado a Mata Atlântica presente em todo litoral baiano.

Área restinga ou de arbustos de médio porte

Apesar de, em geral, não ter uma flora bem definida , as restingas se destacam por sua importância ornamental e paisagística, uma vez que nela podemos encontrar uma variedade de bromélias ,cactos , quaresmeiras, espécies de frutos comestíveis, entre os quais o caju, a pitanga e o araçá boi. Cabe também destacar a grande importância medicinal das restingas, pois ela guarda informações ainda desconhecidas do público, mas que estão sendo alvo de pesquisas, a exemplo do Guajiru (Chrysobalanus Icaco L.).

As restingas são também protegidas em algumas Constituições Estaduais brasileiras, que, além disso, determinam sua condição de área de preservação permanente, como exemplo destes estados, temos, a Bahia e o Espírito santo.

A restinga também é estratificada, mas aqui especificamente é identificada a restinga herbácea onde a forte presença de palmáceas de restingas (Allagoptera arenaria) caxandó, bromélias, cactos, ipomeias  ,( Ipomoea pes-capre), amendoim da praia e etc.

Planejamento das espécies a ser usadas na paisagem de praia

Na região objeto da matéria desenvolve-se a flora conhecida como vegetação de restinga, que envolve comunidades vegetais reptantes e arbóreas, selecionadas de acordo com as suas tolerâncias fisiológicas, morfológicas e reprodutivas.

São plantas extremamente adaptadas às condições de salinidade, insolação, umidade e abrasão pelos grãos de areias trazidos pelo vento, como cactos, caxandós, ipomeias e clúsias. Estas têm um papel importante no equilíbrio da região costeira, servindo como um controlador da linha da praia, retendo a areia que é levada pelo vento ou mar, também evitando a erosão pela chuva ou escoamento de água superficial.



Os Benefícios de adoção de um paisagismo sustentável:

• Criação de nichos ecológicos;

• Maior biomassa vegetal;

• Baixa irrigação e manutenção;

• Atração da fauna ornitóloga;

• Respeito aos biomas brasileiros;

• Não uso de espécies invasoras;

• Beleza estética;

• Atendimento as certificações verdes.

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